IMPULSIVIDADE: QUANDO A AÇÃO PRECEDE A REFLEXÃO



Impulsividade: Quando a ação precede a reflexão
2 Sm 10
  
Existe uma história de um homem que andava em uma estrada muito deserta, a noite, sob chuva e de repente seu pneu fura. Ele então sai do carro para pegar o estepe, a chave de roda e o macaco para a troca de pneu quando se lembra que havia emprestado seu macaco para um amigo na semana passada e ainda não tinha pego de volta. Então, ele levanta a cabeça e vê um casebre bem no meio do mato e pensa: "Vou lá ver se eles teriam um macaco para me emprestar". No caminho ele pensa: "Mas e se eles quiserem me cobrar pelo macaco? Mas quanto cobrariam?" Continua andando e  falando consigo mesmo: "Mas nessa  chuva, a noite, eles vão querer me cobrar uns mil reais pelo macaco! Mas isto é um absurdo! Quem teria coragem de fazer uma coisa destas! Que absurdo, a que ponto chegamos! Eu aqui preso nesta estrada, sozinho, de noite e com chuva e a pessoa teria a coragem de me cobrar mil reais por um macaco! Então, ele chegou na casa, bateu forte na porta, e quando abriram ele foi logo vociferando: "Vá para o inferno com seu macaco"! Deu as costas e voltou para o carro.
Segundo o dicionário o impulsivo é aquele que age sem refletir e que facilmente se excita ou enfurece, mas também é aquele que dá impulso. Às vezes são necessárias atitudes impulsivas, quando não temos muito tempo para refletir diante de uma emergência de alguém que engasga, por exemplo. Ou então quando desejamos avançar a níveis maiores, precisamos de pessoas que deem impulso! Mas, normalmente, a impulsividade não é algo que nos cause muitos benefícios, pois são atitudes sem a devida reflexão.
No texto bíblico que lemos, vemos um rei que acabara de ascender ao trono, em luto por seu pai Naás que reinara anteriormente e Davi envia mensageiros para consolar este jovem rei. No v.2 diz que Naás usou de bondade para com Davi, mas a Bíblia não conta este episódio. Mas o fato é que quando os mensageiros chegam, o rei Hanum recebe alguns conselhos que o fazem tomar atitudes terríveis que acabam incitando uma guerra contra Israel.
Aprendo aqui algumas características da IMPULSIVIDADE que podem nos auxiliar a vivermos dias melhores, hoje, se sondarmos o nosso coração à luz da Palavra de Deus:
1.  A IMPULSIVIDADE tenta maquiar uma insegurança.
Imagine o novo rei, as pressões com as quais ele estava tendo que lidar, vinham conselhos de todos os lados, propostas, argumentos, pedidos, ameaças e consolo vinham misturadas nos primeiros dias de reinado. A insegurança do seu coração o fez tomar atitudes impulsivas.
Tente perceber pessoas que tomam atitudes impulsivas, veja se não estão tentando esconder uma insegurança. Um chefe que fica vociferando, uma esposa que perde a cabeça por qualquer coisa, um marido que bate a porta pelo menor motivo, agem impulsivamente, fazem barulho para tentar esconder sua insegurança de algo. Pode ser da pela falta de argumento, pelo medo de perder o poder ou a pessoa amada.
2.  A IMPULSIVIDADE pode ser aprendida.
Em 1Sm 11, a Bíblia conta a história de Naás quando, antes de haver rei em Israel, fez uma investida militar contra o povo de Deus. Foi quando Saul se levantou para defender Israel, venceu a guerra e foi proclamado seu primeiro rei. Mas veja a crueldade de Naás:
1 Sm 11:1-2 - Então, subiu Naás, amonita, e sitiou a Jabes-Gileade; e disseram todos os homens de Jabes a Naás: Faze aliança conosco, e te serviremos.  2 Porém Naás, amonita, lhes respondeu: Farei aliança convosco sob a condição de vos serem vazados os olhos direitos, trazendo assim eu vergonha sobre todo o Israel.
Perceba que o objetivo de Naás não era apenas dominar o povo, pois já estavam se rendendo, mas ele desejava humilhar e trazer vergonha sobre seus inimigos. E foi exatamente o que seu filho Hanum fez aos enviados de Davi.
Cuidado pais e mães, nossos filhos estão nos olhando! Alguém está de olho em você, na sua casa, no trabalho, na escola e na vizinhança. O que estão aprendendo conosco?
3.  A IMPULSIVIDADE ouve conselhos, mas não os coloca diante de Deus.
Uma coisa é certa, Hanum sabia ouvir conselhos, o que não sabia era pesar os conselhos. Obviamente que pessoas que não ouvem nenhum conselho estão caminhando para o fracasso, mas aquelas que fazem tudo lhes mandam, também correm o risco de caírem em suas decisões pois não refletem sobre o que ouvem e apenas fazem cegamente o que lhe mandam.
Devemos ouvir muitos conselhos, mas quem deve direcionar nosso coração e nossas decisões é o Espírito Santo. Você pergunta ao Espírito Santo o que deve fazer? Antes e depois de buscar conselhos humanos busque ouvir a voz do seu guia Jesus.
4.  A IMPULSIVIDADE gera custos.
O v.6 mostra temos que pagar o preço de nossa impulsividade até mesmo financeiramente.  Hanum precisa contratar 33 mil soldados. Muitas pessoas estão se perdendo financeiramente por causa da impulsividade nas compras, não conseguem passar em frente a uma vitrine sem comprar algo.
Outras vezes os custos são em nossos relacionamentos. Precisamos reparar perdas preciosas porque agimos impulsivamente.
Se o rei Hanum não tivesse sido tão impulsivo quantas pessoas não seriam salvas? Uma guerra teria sido evitada.
5.  A IMPULSIVIDADE vem de uma profunda desconfiança.
Nestes dias caía uma chuva e eu parei em frente a uma padaria perto de casa e a Renata foi comprar uns pães e eu fiquei no carro esperando. De repente sai um rapaz mau vestido da padaria e pega um guarda chuva que estava encostado na porta. Na hora pensei: “Pegou nosso guarda chuva e vai embora na boa, que sem vergonha! Meu guarda chuva novo, comprei ontem e usei uma vez! Não acredito”. Deixei o homem ir para não causar confusão e me senti melhor por ter aberto mão de um objeto par evitar algo pior. Dois segundos depois o Espírito Santo falou comigo: “mas a Renata saiu do carro com o guarda chuva”? E foi reconstituindo o trajeto até a padaria e eu me vi colocando o guarda chuva na coluna da garagem para colocar o Miguel no carro e deixando ele lá. Imagine se eu fosse abordar o rapaz, o que teria acontecido? 
Devemos ser prudentes e a Bíblia diz
Assim diz o Senhor: Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor. Jr 17:5
Mas quando desconfiamos de tudo e de todos acabamos desconfiando até do consolo de alguém, pensamos que a pessoas está se aproximando de nós para nos reconhecer e espiar para nos destruir. v.3 
Os vv. 9-13 mostram 3 atitudes de Israel opostas às dos amonitas, que são bons conselhos para combatermos a impulsividade:
1)  Planejamento e organização feitos em parceria. vv.9-10 
Joabe e Abisai se preparam juntos, trabalham em equipe e auxílio mútuo. É nítido que Joabe é o líder, mas Abisai ouve suas ordens e se dispõe a ajudar. Várias pessoas pensando, refletindo juntas auxiliam a não sermos impulsivos. Prefira trabalhar em equipe a estar sozinho.
2)  Auxílio em momentos críticos. v.11
Cada comandante foi para uma frente da batalha. Um foi enfrentar os siros e outro os amonitas, mas cada um tinha a certeza de que podia contar um com o outro no caso de começarem a perder a batalha. Assim deve ser na igreja. Eu não vou lutar as tuas batalhas, não vou estudar nem trabalhar por você, o pastor ou o discipulador não irá viver a tua vida, mas estamos em uma mesma guerra espiritual e quando a batalha ficar muito pesada para você, pode contar comigo! 
Só o fato de eu saber que, caso as coisas fiquem ruins, haverá alguém para me socorrer me dá paz e segurança para a batalha o que me deixa menos impulsivo.
Veja o que o ap. Paulo escreve aos gálatas:
Gl 6:2 - Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo.
Gl 6:5 - Porque cada um levará o seu próprio fardo.
Pode parecer contraditório quando em textos tão próximos a Bíblia orienta que devemos levar as cargas uns dos outros, mas que cada um leve o seu próprio fardo. Quando olhamos para o texto grego percebemos que a palavra para “carga” no v.2 é báre e a palavra traduzida para “fardo” no v.5 é fortíon. A diferença se dá exatamente no peso de cada um. A carga báre é algo humanamente possível de carregar sozinho, mas o fardo fortíon representa algo muito pesado que eu não consigo carregar sozinho, por isso preciso de ajuda. Assim, o que eu puder carregar, não devo querer jogar nas costas do outro, mas aquilo que for pesado demais para mim devo pedir ajuda.
3)  Motivação mútua. v.12
Um anima o outro pois tem a consciência de que lutam não por eles apenas, mas pelo povo e por Deus! Lembre-se que A IMPULSIVIDADE tenta maquiar uma insegurança, então quando estou motivando, animando e fortalecendo meu irmão, ele não precisa ficar inseguro, com medo de perder seu lugar, pois estamos lutando pelo povo de Deus e Ele é o nosso General! 
Mas perceba ainda no v.13 que os siros, que foram contratados para lutar, foram os primeiros a correr. Fizeram isto porque não comprometeram suas vidas para vencer a guerra. Quando não nos percebemos parte do povo, não nos comprometemos com a guerra. Precisamos de homens e mulheres nesta igreja que se comprometam com o Reino de Deus de tal maneira que estejam dispostos a lutar contra o inferno para salvar vidas em Piracicaba. Deus levantou o povo metodista em Piracicaba e em toda terra para Reformar a Nação e espalhar a santidade bíblica sobre a face da terra. Enquanto eu não me comprometer com a vontade de Deus, na primeira dificuldade eu fujo, desanimo e corro. 
Quais batalhas você tem lutado? Você tem ido lutar as batalhas de outras pessoas? E quem tem lutado as tuas? Será que você não está tão exausto e sem forças para resolver os teus problemas porque tem passado tempo demais tentando resolver os problemas dos outros? 
O pior é que sempre que um desanima, alguém que estava olhando para ele pode desanimar também. v.14. Cuidado pais, seus filhos estão olhando para você, se eles te verem fracos na fé, também poderão desanimar. Cuidado, alguém está olhando para você! 
Por causa de uma decisão impulsiva de um rei, muitos morreram e tantos outros se tornaram escravos. Cuide das tuas atitudes, sonde o teu coração e peça para o Senhor tratar a tua impulsividade.
Que Deus nos abençoe!
De seu amigo e pastor
Hugo G. Freitas
  

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