UM AMOR VERMELHO PARA UM MÊS AMARELO



Um amor vermelho para um mês amarelo
2 Co 5.1-21
Seguindo a teologia metodista wesleyana, creio que o ser humano é imagem e semelhança de Deus, mas, com o pecado, esta imagem fora manchada, borrada e distorcida, mas não perdida. Assim, é possível observarmos que pessoas, mesmo estando longe de Deus, são capazes de produzir algumas fagulhas de verdade. Por exemplo, alguns artistas em suas palavras ou obras são capazes de fazer uma leitura da realidade do mundo de forma bem realista e até teológica.
Separei alguns exemplos. Primeiramente, veja a canção Segredos de Frejat:
Eu procuro um amor que ainda não encontrei
Diferente de todos que amei
Nos seus olhos quero descobrir uma razão para viver
E as feridas dessa vida eu quero esquecer
Pode ser que eu a encontre numa fila de cinema
Numa esquina ou numa mesa de bar
Procuro um amor que seja bom pra mim
Vou procurar, eu vou até o fim
E eu vou tratá-la bem
Pra que ela não tenha medo
Quando começar a conhecer os meus segredos
Eu procuro um amor, uma razão para viver
E as feridas dessa vida eu quero esquecer
Pode ser que eu gagueje sem saber o que falar
Mas eu disfarço e não saio sem ela de lá
Procuro um amor que seja bom pra mim
Vou procurar eu vou até o fim
E eu vou tratá-la bem
Pra que ela não tenha medo
Quando começar a conhecer os meus segredos
Procuro um amor
Que seja bom pra mim
Vou procurar, eu vou até o fim
Eu procuro um amor
Que seja bom pra mim
Vou procurar, eu vou até o fim

Embora, Frejat busque um amor, é nítido que a referência é satisfazer sua própria solidão. Quer um amor diferente dos outros. Então dá o grande grito da humanidade: “Quero descobrir uma razão para viver” (se repete na 2ª estrofe). Quer esquecer as feridas, não curá-las (se repete na 2ª estrofe). Pensa em encontrar esse amor em qualquer lugar, no cinema, no bar, numa esquina. Querendo um amor que seja bom para MIM, e sei que meus segredos podem atrapalhar nossa relação.
Veja agora a canção Amor Maior, de J Quest:
Eu quero ficar só
Mas comigo só eu não consigo
Eu quero ficar junto
Mas sozinho assim não é possível

É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Um amor de dentro pra fora
Um amor que eu desconheço

Quero um amor maior
Um amor maior que eu
Quero um amor maior, yeah!
Um amor maior que eu
Yeah! Yeah!

Então seguirei meu coração até o fim
Pra saber se é amor
Magoarei mesmo assim
Mesmo sem querer
Pra saber se é amor
Eu estarei mais feliz
Mesmo morrendo de dor, yeah!
Pra saber se é amor
Se é amor

Essa música, já expressa um pouco menos a egocentrismo do autor, pois, apesar de querer também satisfazer a necessidade própria e pessoal de um amor, busca por algo que se completa e não apenas se utiliza do outro. Inicia mostrando a dificuldade que é estar junto, conviver. Eu quero ficar só, mas estou entendo que preciso estar junto de alguém. A 2ª estrofe representa bem a descrição do amor que ama direito, de qualquer jeito (pode parecer desleixado, mas também incondicional), a qualquer hora, inteiro, de dentro pra fora, mas então dá mais um grito da humanidade: “Desconheço amor assim!”. Então clama, “Quero um amor maior que eu!”. E finaliza dizendo que, mesmo sabendo que poderá sofrer, irá prosseguir buscando este amor.
Finalmente, vejamos a música Além do Horizonte, de Roberto Carlos:
Além do horizonte deve ter
Algum lugar bonito pra viver em paz
Onde eu possa encontrar a natureza
Alegria e felicidade com certeza.

Lá nesse lugar o amanhecer é lindo
Com flores festejando mais um dia
Que vem vindo
Onde a gente pode se deitar no campo
Fazer amor na relva escutando
O canto dos pássaros
Aproveitar a tarde sem pensar na vida
Andar despreocupado sem saber
A hora de voltar
Bronzear o corpo todo sem censura
Gozar a liberdade de uma vida sem frescura.

Se você não vem comigo tudo isso vai ficar
No horizonte esperando por nós dois
Se você não vem comigo nada disso tem valor
De que vale o paraíso sem amor

Além do horizonte existe um lugar
Bonito e tranquilo pra gente se amar.

A música de Roberto Carlos já demonstra uma parceria para este amor que em momento algum se realiza sozinho ou satisfaz somente a si mesmo, mas, ou se concretiza para ambos, ou não existe. A descrição inicial é de fato do paraíso além deste mundo visível. Um lugar bonito junto da natureza, onde as flores a cada amanhecer festejam mais um dia que vem vindo com paz, alegria e felicidade verdadeira. Neste lugar, o corpo não é escravo do tempo, não está preso às limitações que nós mesmos nos impomos neste tempo. A pergunta retórica: De que vale o paraíso sem amor? É chave para perceber que, na verdade, sem amor não existe paraíso. Uma limitação desta música é a expectativa de que só se pode amar e viver este amor, além do horizonte.
Diante destes exemplos de clamor do mundo pelo amor e pelo sentido da vida, vejamos alguns dados de nosso tempo, deste lado do horizonte.
No Brasil, 32 pessoas se matam por dia, uma taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer. Só no ano de 2017 pelo menos 6 alunos da Faculdade de Medicina da USP tentaram suicídio e um doutorando tirou sua vida dentro de um laboratório da universidade. Mas o que leva uma pessoa a estudar o máximo de sua vida, para ser aprovado no vestibular mais difícil do Brasil e, estando lá, desistir da vida? O que leva 32 pessoas por dia, só no Brasil, a investirem contra as suas próprias vidas, desistindo de si mesmas?
A vida humana é extremamente complexa e não quero, de modo algum, falar de modo simplista sobre o drama do suicídio que é tema de estudos e debates nas diversas esferas sociais. Como teólogo e pastor, minha palavra é pela vida e pelo amor, sentindo a dor das famílias que passam por este drama e estendendo a mão àqueles que pensam, de alguma forma, no suicídio como solução para suas angústias.
Na Bíblia, no texto base selecionado, o apóstolo Paulo destaca, de fato, o sofrimento e a angústia que esta vida pode nos causar por não estarmos experimentando plenamente toda a riqueza e glória da eternidade. Desejamos que mortal seja absorvido pela vida (v.4). E ainda diz que a culpa disso é de Deus, pois Ele nos revestiu de espiritualidade eterna quando nos selou com o Espírito Santo (v.5). E, enquanto estamos neste corpo, não conseguimos experimentar plenamente a Deus (v.6). O próprio apóstolo Paulo diz em 1Co 13.12: “Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido”.
Mas então o apóstolo começa a se reorientar nesta vida, visto que andamos por fé e não pelo que vemos (v.7). Ou seja, mesmo eu não vendo e nem experimentando plenamente o Senhor neste corpo mortal e marcado pelo pecado, eu vivo em Deus, e por Deus, porque vivo pela fé. E esta fé em Deus me faz viver embasado em 1 grande fato:
- O CONSTRANGEDOR AMOR DE CRISTO. v.14
O amor de Jesus por nós possui uma cor, a cor do seu sangue derramado por nós na cruz. Vermelho é o amor de Deus por nós, por isso somos desafiados a, neste setembro amarelo, experimentar o vermelho amor de Deus que nos constrange porque quando nem pensávamos nele, já nos amava.
A partir deste fato universal do céu para a terra, somos direcionados a 4 princípios essenciais:
1.  Serei julgado pelo bem e pelo mal que fiz em vida. v.10
Como tenho respondido a este amor? Infelizmente, vemos muitas pessoas levando a vida como se não tivessem que prestar contas a Deus do que estão fazendo aqui na terra. A consciência de responsabilidade humana pela vida que Deus dá é essencial para a harmonização de toda vida, dos seres humanos consigo mesmos, entre si e com a natureza. Quando nos esquecemos que um dia prestaremos conta ao dono da vida, perdemos o temor de zelar pela vida.
2.  Preciso ser agradável a Deus e viver para Deus. vv.9 e 15
1Co 6.20 diz que fomos comprados por um alto preço. O sacrifício de Jesus na cruz, nos comprou, pagou nossa dívida de pecado, de morte e por isso não posso mais viver para mim mesmo, mas vivo para agradar aquele me amou e morreu para que eu pudesse viver.
Paulo inicia o cap. 5 falando da angústia humana, mas caminha para indicar que esta angústia se arrefece em Deus. Viver deixando Deus de lado é deixar a vida de lado e caminhar para a morte. Viver uma vida egoísta ou tentando apenas satisfazer as expectativas das outras pessoas sobre mim é caminhar para frustração completa. Você se realiza em Deus!
3.  Sou direcionado a viver pelo meu próximo. vv.13; 16-21
Uma vez que vivo para ser agradável a Deus, sou levado por Ele a viver pelo meu próximo. Deus me salva para que eu seja agente de salvação para a vida de outras pessoas. Vida cristã solitária é vida cristã pervertida. John Wesley dizia que dizer “santo solitário é o mesmo que dizer santo adúltero”. Você vence a angústia humana da falta de sentido da vida, sendo agradável a Deus e conservando o juízo pelo seu próximo.
O amor que cura as feridas, que dá a razão de viver, que me revela os segredos e que é bom pra mim que Frejat cantou só pode ser encontrado em Jesus!
O amor maior e desconhecido que J Quest cantou só pode ser encontrado em Jesus!
O paraíso só pode existir quando vivemos o amor de Jesus, mas ele já pode ser experimentado desde já, agora, deste lado do horizonte!
Este amor tem nome, este amor tem cor, é vermelho da cor do sangue de Jesus que te amou e morreu para que você pudesse viver.
Que Deus te abençoe!
De seu amigo e pastor,

Hugo G. Freitas


Comentários

Postagens mais visitadas